Mundo Ensina-nos a história, que o remo desde os seus primórdios está repleto de episódios importantes em suas derivações. Principalmente no comércio e na guerra, foi de indiscutível relevância no tocante a sua utilidade. Um faraó egípcio conseguiu organizar uma frota de 400 navios movidos a remo, que era a sua esquadra daquela época. Isso mais ou menos nos anos 2000 a.C.. Esporte náutico, popularizado com denominação de remo, para mais facilmente diferenciá-lo do iatismo. Em inglês chama-se rowing, no francês aviron e em alemão ruder. Utilizado desde que o homem começou a locomover-se sobre a água, o barco a remo foi explorado como esporte na segunda metade do século XIX. Há notícias de competições que se realizaram muito antes daquele período, como em Veneza/Itália, no distante ano de 1315 e na Inglaterra em 1715. Foi neste último país que o remo se organizou pela primeira vez, inclusive através de clubes, de que é um exemplo o Leander Club (1817), o mais antigo de todo o mundo. Mas definitivamente, o esporte ganhou rumo no ambiente universitário. As Universidades de Cambridge e Oxford adotaram-no e, em 1829, iniciaram a realização da tradicional regata, que anualmente revive no Rio Tamisa, os primórdios do remo. Da Inglaterra, as regatas rapidamente se espalharam para diversos países da Europa, ganhando notável impulso. As embarcações, a princípio, largas e pesadas, foram aperfeiçoadas dentro de uma técnica que permitiu a obtenção de resultados cada vez melhores, pela rapidez com que deslizavam na água. A evolução do esporte, implicou na classificação das provas de acordo com o número de remadores, surgindo competições que variavam, como ainda hoje, de um (skiff) a oito (8+) homens, com ou sem timoneiro (ou patrão), que é o tripulante encarregado de orientar o barco e os companheiros. Nas Américas, o remo alcançou igualmente notável desenvolvimento, principalmente nos Estados Unidos da América, onde se tornaram famosas as regatas Poughkeepsie e as disputas entre as Universidades de Harvard e Yale. O remo faz parte dos Jogos Olímpicos desde 1900. O esporte obedece à norma geral das organizações esportivas, sendo controlada, no âmbito mundial pela Fedération Internacionale des Sociétés d’Aviron - FISA, com sede na Suíça.
Brasil
No Brasil, apenas doze Estados e o Distrito Federal têm Federações de Remo, a saber: Amazonas, Bahia, Brasília, Espírito Santo, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. O remo, apesar de pouco conhecido entre a população brasileira, surgiu antes que o futebol no país. Quem trouxe a modalidade para cá, em 1880, foram os imigrantes alemães do Rio Grande do Sul, que fundaram o clube Guaíba e, posteriormente, clubes no Rio de Janeiro e italianos no Estado de São Paulo, com o Club Canottieri Esperia. No Rio de Janeiro, bairros como Flamengo, Botafogo, Santa Luzia, São Cristóvão e Caju já tinham clubes de remo, juntamente com alguns do outro lado da baía, no caso, Niterói. Isso tudo em meados de 1895. Grupos de interessados reuniam-se para praticar o remo em Santos ou no Rio Tietê. O Clube Santista de Remo, o Esporte Clube Tietê, o Club Canottieri Esperia, o Sport Club Corinthians Paulista, foram alguns dos primeiros a formarem-se em São Paulo. Dentre eles, o Club Canottieri Esperia - que hoje é conhecido apenas como Espéria, e não se localiza mais às margens do Tietê, fundado em 1899, tornou-se um dos principais clubes para o treinamento dos remadores. Com a criação da Federação Brasileira das Sociedades de Remo, em 1931, clubes de todo o Brasil passaram a se filiar. As competições passam a ser feitas com mais freqüência, bem como a participação dos brasileiros em campeonatos internacionais. Em julho de 1956, a guarnição de Universidade de Cambridge visitou o Brasil, exibindo-se vitoriosamente contra os principais barcos brasileiros. Essas Universidades voltaram a competir nos anos de 1990 (Rio de Janeiro e São Paulo), o Brasil venceu as duas competições, e em 1992 (Rio de Janeiro e Vitória-ES) as universidades inglesas ganharam do Brasil. Em 1997, voltaram a competir em solo brasileiro, especificamente em Manaus, no Estado do Amazonas, e foram vencidos pela equipe da casa. Na América do Sul, Argentina, Chile e Brasil, disputam a hegemonia do remo, ambos quase no mesmo nível, havendo uma pequena vantagem para os argentinos. Nos Jogos Pan-Americanos, a última vitória brasileira foi com os irmãos Carvalho, pertencentes ao Clube Botafogo Futebol e Regatas. Nos campeonatos olímpicos, nossos remadores têm apresentado um rendimento apenas discreto, sendo que, nos últimos Jogos a melhor posição alcançada foi a de sétimo lugar na prova Skiff Masculino. O campeonato sul-americano só foi oficializado em 1945, pois neste ano foi fundada a Confederação Sul-Americana de Remo. A presença do elemento feminino foi assinalada em 1948. O remo brasileiro participa assiduamente do Campeonato Sul-Americano, cuja disputa se iniciou em 1948 no Uruguai. Já em 1954 o Brasil sagrou-se campeão. O remo no Brasil foi controlado pela Confederação Brasileira de Desportos até 1976, pois em 25 de novembro de 1977 surge a CBR (Confederação Brasileira de Remo) com sede na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Amazonas
No Amazonas o remo é uma das modalidades mais antigas, e teve sua origem nos fins do século XIX e início do século XX. Naquele tempo, era um dos esportes mais apreciados na cidade. Os clubes náuticos da época eram: o Manaus Ruder Klub, fundado pelos alemães, e cuja garagem flutuante, armada em zinco, geralmente se abrigava ao pé do igarapé de Manaus, atrás do Palácio Rio Negro; o Clube Amazonense de Regatas, com sede vasta, armada sobre pilares de pedra, localizava-se na Escadaria dos Remédios; e o Grêmio Náutico Portugal. As regatas, que atraíam muitos aficionados, eram disputadas no Rio Negro, em domingos de águas tranqüilas, num percurso que ia do São Raimundo até o Paredão; ou no próprio igarapé dos Educandos.1 Nos domingos, entre os hábitos dos amazonenses, incluía-se os passeios ao cais do porto. Crianças, jovens, homens e mulheres trajados com suas melhores roupas, reuniam-se naquele local para assistir a provas de remo. Uma das festividades comemoradas com grande júbilo pelos clubes náuticos, era o dia da Independência do Brasil, com a realização de um campeonato de regata na baía do Rio Negro. Era uma tarde de vibração cívico-desportiva. Os torcedores, o povo, nas primeiras horas da tarde, lotavam o Porto de Manaus, a beira do rio, e também as embarcações embandeiradas; enfim, era um entusiasmo esportivo em homenagem a Mãe Pátria.2 Em meados dos anos 1940, os antigos clubes foram retomados por abnegados, que voltaram a competir entre si e resgataram o glamour de outrora. Dos anos de 1970 até meados dos anos 1990, o remo no Amazonas ficou no ostracismo, devido ao fato de encontrar-se em situação irregular perante a Confederação Brasileira de Remo, sendo proibido de participar de competições oficiais. Em 1997, com o Desafio Internacional entre as Universidades de Cambridge e Oxford, mais a participação da Seleção Brasileira de Remo, realizado nas águas do Rio Negro, no percurso entre o Roadway e a praia da Ponta Negra, a Federação Amazonense ressurge com uma nova proposta: revitalizar o esporte, proporcionando infra-estrutura aos clubes e, principalmente, aos atletas. Foi através do trabalho desenvolvido pelo presidente, à época, o senhor José Augusto de Almeida, que a Federação Amazonense de Remo foi regulamentada e reorganizada administrativamente. Os primeiros anos foram de reestruturação e de embate pelo resgate da credibilidade do remo amazonense. |
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