Quem Samos:



Escola de Remo de Manaus:

Fundada no dia 15 de maio de 2000, com o objetivo de oferecer a sociedade Amazonense a oportunidade de iniciação na prática da modalidade para melhoria na qualidade de vida, e na formação de atletas de alto rendimento, começando pela Escola de Remo, passando pela pré-equipe, até alcançarem a equipe principal [Sel. Amazonense].

sábado, 26 de fevereiro de 2011

CERIMÔNIA EM MANAUS CELEBRA 2.000 DIAS PARA RIO 2016





CERIMÔNIA EM MANAUS CELEBRA 2.000 DIAS PARA RIO 2016

 
Evento levou espírito do maior evento esportivo do planeta para o Norte do país



Celebração dos 2.000 dias para Rio 2016 no Teatro Amazonas (Foto: César Catingueira)

O tradicional Teatro Amazonas, um dos principais patrimônios culturais do Norte do Brasil, foi palco da celebração dos 2.000 dias para os Jogos Olímpicos Rio 2016 neste domingo, dia 13, na cidade de Manaus, levando à região o espírito do maior evento esportivo do planeta. O Presidente do Comitê Organizador Rio 2016 e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, o Prefeito de Manaus e ex-Governador do Amazonas, Amazonino Mendes, o Diretor Geral do Rio 2016, Leonardo Gryner, dirigentes do COB e do Rio 2016 e os Presidentes das Confederações Brasileiras que dirigem os esportes olímpicos, associadas do Comitê Rio 2016, participaram da cerimônia, que teve como anfitrião Roberto Gesta de Melo, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, cuja sede é na capital amazonense.

O Presidente Carlos Arthur Nuzman ofereceu ao Prefeito Amazonino Mendes e ao presidente da CBAt placas alusivas à ocasião. Nuzman ressaltou que a visita a Manaus é importante, pois reforça a ideia de que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 são de todo o Brasil.

“Decidimos vir a Manaus para começar a integração dos Jogos Olímpicos Rio 2016 por todo o país. Nada mais emblemático do que comemorarmos os 2.000 dias para a abertura dos Jogos em plena Amazônia, símbolo da biodiversidade do Brasil e do mundo”, afirmou o Presidente do Comitê Organizador Rio 2016.

“É uma honra para o povo amazonense marcar o início dessa integração dos Jogos Olímpicos Rio 2016 pelo Brasil através do esporte. Que os deuses da mitologia amazônica abençoe os Jogos Olímpicos Rio 2016”, frisou o Prefeito de Manaus.

A cerimônia realizada em Manaus teve um componente a mais de simbolismo olímpico. O Teatro Amazonas, cenário de requinte e beleza em plena Amazônia, foi construído em 1896 pelo então governador do estado Eduardo Gonçalves Ribeiro, numa época em que a região e o país desfrutavam os benefícios do ciclo da borracha. Naquele mesmo ano, o Barão Pierre de Coubertin realizava em Atenas a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Como parte da cerimônia, a marca de 2.000 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 foi brindada com uma apresentação da Orquestra Amazonas Filarmônica.

Locais de Treinamento para o Rio 2016

O Comitê Organizador lança esta semana o Processo para Cadastramento e Seleção de Locais de Treinamento Pré-Jogos Rio 2016, uma oportunidade para que instalações esportivas de cidades de todo o Brasil se cadastrem para receber atletas dos países participantes dos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos para períodos de treinamento e aclimatação antes do evento.

Em visita ao Brasil no fim de 2010 para o lançamento da marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, se disse feliz por constatar que a preparação para os Jogos está indo extremamente bem e teve reiteradas pela Presidenta Dilma Rousseff as garantias dadas pelo Presidente Lula durante a candidatura do Rio, de que o país realizará um grande evento.



Publicado no site:

http://www.rio2016.com/rio-2016-agora/cerimonia-em-manaus-celebra-2000-dias-para-os-jogos-olimpicos-rio-2016

Entrevista com José Oyarzabal


Entrevista feita por Fabiana Beltrame ao Técnico da Sel. Brasileira José Oyarzabal

José Oyarzabal foi atleta da seleção francesa e desde maio de 2009 é o técnico da seleção brasileira de remo. Apesar disso, poucas pessoas tem conhecimento do seu currículo e das suas ideias. Com o intuito de conhece-lo um pouco mais, fiz algumas perguntas que ele prontamente respondeu e matou nossa curiosidade.
Fabiana : Quais seus principais títulos como atleta?
José Oyarzabal: - Vice Campeão mundial junior no 8+ (atrás da Alemanha oriental!!!) em 88 (Itália)
- 8˚ lugar no 4-PL no Campeonato Mundial de 89 (Bled)
- Vice campeão mundial no 4-PL em 90 (Austrália)
- Vice campeão mundial no 8+PL em 91(Áustria)
- Bronze no 4-PL em 92 (Canadá)
- Campeão universitario (World Univesity Games Buffalo) no 4-PL em 93
- 6˚ lugar na Regata de Lucerne no 1xPL em 94 (Suíça)
- 9˚ lugar no Campeonato Mundial no 1x PL em 94 (Estados Unidos)
Em 1995 parei 2 semanas antes do mundial, por razões médicas. Ganhei a seletiva nacional no 2-PL 5 vezes, com 3 parceiros diferentes. Meu pior resultado na seletiva francesa foi segundo.
Não sei dizer qual foi o resultado mais feliz. Ganhar medalha não é o mais importante. Acho que minha melhor façanha foi em 94 quando decidi remar sozinho (estava de saco cheio de soportar parceiros!!!), e conseguir melhorar meus tempos, de 7’20 no começo do ano até 6’58 no final da temporada, na final B do campeonato. A contrario fiquei, muito decepcionado (e chorando) no podió em 91 e 92, quando recebei as medalhas.

F: Quais seus principais títulos como técnico?
JO: Não tenho realmente títulos internacionais como técnico. O sistema francês é bem diferente daqui. Um técnico de clube ou de região fica no seu clube ou sua região. Mas sim, formei ou participei da formação de vários atletas que foram da Seleção francesa. E fui técnico da Seleção junior de maneira irregular, temporal. Alguns colegas meus me chamavam o “bruxo do 2-”, porque como remador foi meu barco de sucesso, e logo como técnico também, sempre adorei treinar os 2-, e tenho bons resultados na formação de 2- de alta performance.

F: Onde você se formou e tem alguma pós graduação? Dê um breve currículo.
JO: Sou graduado em Educação Física, com especialidade em alto rendimento.
Tenho o diploma do Ministerio de Desporto da França. Esse diploma é obrigatório para trabalhar como técnico em qualquer desporto.
E em 95, quando parei de remar, passei num concurso para trabalhar no Ministerio de Desporto junto com a Federação Francesa.
Mas acho que o mais importante na minha formação foi o contato com muitos excelentes técnicos de remo, de vários países. GB : Andrew Holmes, que faleceu há pouco tempo. Radev, da Bulgaria, que foi vice campeão mundial no seu tempo. Eberhardt e Inge Mund, da Alemanha oriental. E claro muitos técnicos franceses, como Renée Camu, uma mulher que foi também a pessoa que me deu a paixão pelo remo e pela pedagogia.

F: Como foi a sua transição de atleta para técnico?
JO: Já como atleta tinha o costume de treinar os garotos do meu clube ou da minha região, voluntariamente, só por paxião. Na França, o mais fácil para poder treinar e estudar ao mesmo tempo é estudar Educação Física. Quase todos os técnicos da Seleção francesa tiveram a mesma formação, ex-remadores se formando em Educação Física. No meu ponto de vista, um bom técnico internacional deve ser um ex-remador internacional. Claro, existe exceção, mas são poucas. Lamento de não ver muitos ex-remadores internacionais serem técnicos no Brasil. Para mim, isso explica boa parte da dificuldade do Remo brasileiro para chegar no podió internacional.

F: Por que parou de remar? Sente saudades? De que?
JO:Parei de remar porque a minha coluna era muito fraca, e porque como jovem remador, fiz coisas erradas na preparação física. Duas semanas antes do mundial 95, qualificatorio para os jogos de 96, não pude mais. Tínhamos um 4-PL muito potente (3 remadores com ergometria abaixo de 6’12), e a medalha era mais que possível. Mas a dor era muito forte.
Nos anos seguintes, foi dificil ver o 4-PL da França ganhar medalhas no mundial e ganhar no jogos de 2000, com os parceiros que costumava vencer nos anos anteriores. Assim, foi dificil psicologicamente.
Sinto saudade das sensações no barco, que o meu potencial físico autorizava nesse tempo. Tentei remar de novo, algumas vezes. Mas aplicando a mesma força, as mesmas sensações, só dava para 1km. Admiro muito e sinto ou pouco de ciúmes do Alexis (Cubano) que é mais velho do que eu, e está nesse nível. Mas realmente, minha coluna não me deixa fazer o que gostaria.

F: O que te motivou a vir trabalhar no Brasil?
JO: Sempre achei uma pena de não ver os países da America Latina obter resultados expressivos no Mundial. Sempre achei chato ver os mesmo países nas finais : Alemanha, GB, EUA, Nova Zelândia, Australia, França…. E porque não latinos?
Logo me apaxonei pela América Latina e me casei com uma peruana. Um colega que trabalhou com a CBR (Bruno Boucher) sabia disso. Quando a CBR lhe comunicou sua intenção de contratar um técnico francês, ele me conectou. …Ainda não sei se devo agradecer ou maldizer. ;-)

F: Quais seus objetivos para o futuro?
JO: O futuro 2011 : contribuir a conseguir a primeira medalha mundial para o Brasil (na categoria sênior) e o ouro no Pan…. Fabiana Beltrame, e outros também, espero.
O futuro 2012 : contribuir a qualificar o primeiro barco para final A olímpica…. Fabiana Beltrame?
De uma maneira geral, no remo, meu objetivo é ajudar de qualquer forma os atletas e técnicos a obter sucesso. Além da parte pura técnica, gostaria também poder ajudar ainda mais a CBR a se desenvolver. Na minha formação e emprego anterior, o treinamento era só uma parte. Na França, os técnicos não são só treinadores. São também formadores de técnicos, desenvolvedores de projeto. Tenho muito mais coisas a dar do que se imagina, talvez.
Fora do remo, gostaria de contribuir para dar uma vida feliz para minha filha, num mundo difícil.

F: Qual seu maior sonho?
JO: Nunca sonhei. Mas sim, quis, apostei, acreditei…. e consegui.

F: Como deve ser um atleta perfeito?
JO: O mais importante é o que o atleta tem na sua cabeça, e o porque está fazendo isso. Saber porque treina cada dia as 5 da manhã, e outra vez as 5 da tarde. Porque não vain as festas? Porque deixa de estudar e de ganhar dinheiro trabalhando normalmente? O dinheiro que o atleta pode ganhar (aqui no Brasil) não é suficiente para explicar isso. O dinheiro nunca foi um fator de motivação, pelo contrário. O remador se motiva com outras coisas, mais internas, mais pessoais. Primeiro tem gostar de ganhar, gostar de remar e das sensações de potência que nos dá o treinamento.
Na relação com o técnico, é outra coisa, e depende mais da personalidade dos 2. Eu sempre preferi os remadores autônomos e livres. Os remadores que confiam no técnico, mas que não são dependentes dele. No final, no dia da regata, o técnico esta muito longe. Vi muitos fracassos e mal estar quando a relação treinador x remador era muito dependente e exclusiva. Eu como remador, sempre fui pedir ajuda de um técnico ou outro, mas sempre fui eu o responsável pelo sucesso ou fracasso. O técnico deve estar aqui para fornecer informações de feed-back, ajudar, as vezes cobrar esforços, as vezes acalmar e reduzir os esforços, aplicando o que sua formação e sua experiência lhe deu, a serviço do atleta.

F: Quais as principais qualidades e defeitos do atleta brasileiro?
JO: O atleta brasileiro é como os seus homologos estrangeiros. Não vejo diferença. O diferente é o sistema em qual evolui. A organização do sistema. Todo o sistema.
Muitas vezes escutei brasileiros buscando desculpas : “o brasileiro é diferente”. Em que? Tem uma cabeça, 2 braços, 2 pernas…
“o brasileiro é pobre” : pobre de que? Nunca vi tantas riquezas como nesse país….E um bom remador carioca pode ganhar sua vida, quase que só remando, o que até hoje na Europa não se consegue, mesmo sendo medalhista mundial.  ”o brasileiro come mal” : eu nunca comi tantas coisas gostosas, tantas frutas, legumes, peixes, carnes… a única coisa que me falta realmente, como frances, é o queijo bem fedorento…. “Não se pode treinar aqui, com esse calor” : então vá treinar na Alemanha ou Inglaterra em dezembro, janeiro, fevereiro, os meses mais importantes da temporada : -10˚C, chuva fria, neblina. “os genes dos brasileiros são diferentes, fruto da mistura dos brancos com negros e índios” : eu não sou racista, não quero ser. Pelo contrário, acho que a mistura pode ser a melhor coisa. Não me canso de ver mulheres e homens bonitos nesse país. Para remar também.
Uma pequena diferencça que vejo é no comportamento, fruto da educação, e de fatores sociais e históricos. Tem poucos atletas realmente responsáveis, motivados por si-mesmos, autônomos. Isso, mais uma auto estima baixa (como povo e como pessoa), e um grau de organização baixo, fazem diferença negativa no cenário internacional.

F: O que falta para o Brasil atingir resultados expressivos?
JO: Depende quando. A longo prazo 2020-2024, vai ser possível, se o remo brasileiro tiver uma mudança expressiva na sua organização. Mais clubes, mais remadores em cada clube, mais barcos para esses remadores, mais técnicos formados. A CBR deu a largada dessa corrida, com os planos de desenvolvimento, em material e formação. Vai precisar ainda mais esforços, mais qualidade, não só da CBR, mas também dos parceiros, os clubes, federações, COB, Ministerio, patrocinadores… Vamos todos ter que pensar bem para que todo o sistema tenha coerência e continuidade.
2016 já é curto prazo. Na França por exemplo, meus colegas e os dirigentes já estão pensando em 2020. Em 2016, temos os remadores jovens, sub23 de agora. Se tivermos lógica, continuidade de desenvolvimento, organização eficiente, há possibilidade de ver bons resultados. Medalha, não sei.
Acho que esta na mentalidade brasileira de achar que há uma fórmula mágica que vai nos ajudar a ser os melhores do mundo. Essa formula não existe. Já sabemos o que funciona, qual treinamento devemos fazer, tudo está disponivel na internet, os técnicos desses países não tem nada a esconder. Não é isso que falta. Desde a queda do muro de Berlin, os métodos dos alemães orientais foram espalhados pelo mundo, na França, GB, Austrália, e além desses países. Não é o método de treinamento e a ciência que vão fazer a diferença, mas sim, como é aplicada. Alguns vão dizer que não, que o brasileiro deve treinar de outra maneira. O que temos que achar é a ORGANIZAÇÃO que nos permite aplicar o que já sabemos. Na organização, quero falar de tudo que nos permite formar os remadores : da saúde dos clubes formadores, até os centros de treinamento onde os atletas vão poder se preparar as temporadas de alta performance. É assim que funcionam os melhores países do mundo. Os remadores medalhistas mundiais, treinam quase que exclusivamente para a seleção e o objetivo mundial, em centros de treinamento feitos para alcançar esse objetivo. Na Nova Zelândia, Grã Bretania, Alemanha, França, Itália, todos os remadores treinam juntos, todo dia, nesses centros. Porque o sucesso no remo, precisa dedicação, volume, calma, equilíbrio de vida, e tempo. Muito tempo. Os remadores medalhistas mundiais são mais e mais velhos, ou melhor dizer, tem uma carreira mais e mais longa. Não se faz um remador internacional em 4 anos. Precisa muito mais.

F: Deixe uma mensagem ou considerações finais para os remadores.
JO: Sejam autônomos, auto suficientes, não se deixem controlar. Vocês devem controlar o que vocês querem alcançar na vida, na temporada, na regata, na remada. Esqueçam as auto limitações, os medos, os complexos de inferioridade e os de superioridade. Tem que definir as metas que querem alcançar, de maneira realista, e respeita-las. O objetivo da CBR, meu objetivo, é colocar em prática os métodos e organização que permitirão ajudar. Não esperem demais dos outros. São vocês, individualmente, os que tem o proprio futuro nas mãos.
Também, pensem no futuro. Ser remador hoje não dará comida daqui a 20 anos para todos. Formem-se. Não é contraditório com a carreira de remador.. Muitos dos meus compatriotas campeões olímpicos ou mundiais são engenheiros, fisioterapeutas, treinadores…